quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mixtape Racionais x Nike.

Não se discute a autoridade de Mano Brown. Porta-voz da periferia que entorpece a classe média, ele - para dizer o mínimo - é a verdade, o código, o cara. Também é uma espécie de leão-de-chácara da Vila Madalena; os moradores da rua Purpurina e adjacências agradecem a Brown por manter a periferia longe das creperias, barzinhos e brechós que freqüentam; isto é, longe dos seus filhos que consomem uma periferia batizada (rap e cocaína inclusos), afinal , são todos irmãozinhos, e é bom que os "pretos pensem como pretos" - as aspas são minhas e o raciocínio é de Brown - e que tenham orgulho de seus puxadinhos lá longe, do outro lado da ponte João Dias. 

Há dois anos, Mano Brown dizia numa entrevista que estava feliz da vida porque os bares da periferia perdiam espaço para as pizzarias e salões de beleza. Esqueceu-se das Igrejas do Bispo Macedo, que deve ter vibrado com suas palavras. Mano Brown foi além. Tinha sonhos românticos. Ele sonhava com "a população ouvindo música nas ruas, fazendo academia, cuidando do corpo". 

Sua palavra é lei. Mano Brown foi condecorado por Lula. À época eu enxerguei voluntarismo, e muita demagogia. Quase sou linchado por apontar o dedo. Fui acusado de ser um mauricinho, disseram que eu não conhecia a realidade da periferia, e, entre recados sinistros e telefonemas anônimos, me aconselharam a calar a boca. A chapa esquentou pro meu lado. 

Eis que dois anos depois, leio a seguinte notícia: O grupo Racionais MC's é a estrela de uma campanha da Nike. Taí. Será que agora caiu a ficha? Um cara que sonha com a população ouvindo música nas ruas, fazendo academia e cuidando do corpo só pode ser revolucionário no Rubaiyat da Av. Faria Lima. Viva a Revolução das Periferias! Se é periferia tem talento. E se tem talento tem verba. Tem indicação para o Oscar. Tem droga para os filhos da diretoria. Tem alguma ONG pra administrar o negócio. 

O fato de o irmão de cor "se vestir melhor faz muita diferença", segundo Brown. Além de estúpidos "porque pretos não tem todos as mesmas idéias", Brown deve considerar que uma roupinha pode disfarçar a feiúra dos seus irmãos pretos. 

As declarações de Mano Brown não me espantam. O que me espanta é o medo e a veneração que a classe média tem por esse racista desastrado. Se eu fosse negro, o processava. Mas como sou um branquelo só me resta lamentar o espaço exagerado que a mídia - a despeito da aparente aversão dos manos - concedeu/concede a Brown, esse títere do desespero. A situação lembra muito os assaltos à mão armada: onde a vítima não tem opção diferente do jugo e da submissão. Os especialistas nos ensinam a não reagir. 

fonte: Destak Jornal. 


2 comentários:

Anônimo disse...

hum, q textinho fraco, heim? a cultura do consumo alimenta a todos, meu caro.

Anônimo disse...

EU ME LEMBRO DA PUMA.

ALIAS, DE CALÇA CALVIN KLEIN TENIS PUMA....!!!

cabelo black coisa e tal